Conheça palmeira rara que pode levar 80 anos para florescer uma única vez
10/12/2025
(Foto: Reprodução) Talipot leva de 40 a 80 anos para florescer
Humberto Baddini
O Aterro do Flamengo (RJ) tornou-se palco de um fenômeno raro: a floração da palmeira talipot (Corypha umbraculifera), uma das maiores do mundo e conhecida por florescer apenas uma vez antes de morrer. O momento foi registrado pelo fotógrafo Humberto Baddini, acostumado a capturar paisagens, mas ainda assim surpreso com a imponência da planta.
“Foi incrível ver de perto a imponência da palmeira e sua beleza contrastando com a paisagem do Rio de Janeiro. Sempre busco algo diferente para fotografar, mas registrar a floração única dessa palmeira foi algo que ficará eternizado”, relata Humberto.
Uma vida inteira dedicada ao crescimento
Segundo a botânica Eliana Ramos, a talipot leva de 40 a 80 anos para florescer. Durante décadas, concentra energia no crescimento vegetativo, acumulando reservas nutritivas e fortalecendo tronco, folhas e raízes. Suas folhas em formato de leque chegam a 5 metros de ponta a ponta, enquanto o caule pode alcançar impressionantes 30 metros de altura.
No Brasil, a talipot é encontrada principalmente em coleções botânicas e áreas verdes, como Jardins Botânicos e parques urbanos
Humberto Baddini
Quando finalmente atinge a maturidade sexual, a planta realiza sua única floração, um processo que consome todas as reservas acumuladas ao longo da vida.
“A floração acontece de forma gradual e pode se estender por até três meses. Depois surgem os frutos, que levam cerca de um ano para amadurecer, um processo que pode resultar em até 25 milhões de sementes por planta. Após completar o ciclo reprodutivo, a palmeira entra em deterioração, perdendo as folhas e definhando até a morte”, explica a especialista.
Origem e importância
A talipot é nativa das regiões tropicais e subtropicais da Índia e do Sri Lanka, e também aparece cultivada em países do Sudeste Asiático, como Camboja, Myanmar, Tailândia e nas Ilhas Andaman.
No Brasil, é encontrada principalmente em coleções botânicas e áreas verdes, como Jardins Botânicos e parques urbanos.
Ao longo da vida, a palmeira exerce papel fundamental no ambiente.
A talipot é nativa das regiões tropicais e subtropicais da Índia e do Sri Lanka, e também aparece cultivada em países do Sudeste Asiático, como Camboja, Myanmar, Tailândia e nas Ilhas Andaman
Humberto Baddini
“Suas folhas gigantes funcionam como abrigos naturais para fungos, musgos, epífitas (orquídeas e bromélias), além de trepadeiras e aves, oferecendo espaço para que essas espécies se instalem e evoluam”, detalha Eliana.
As flores atraem abelhas e outros insetos com seu néctar e pólen, enquanto os frutos servem de alimento para diversos animais. Após a morte, toda a matéria orgânica da planta se decompõe e enriquece o solo, completando o ciclo natural e beneficiando o ecossistema ao redor.
Utilidades ao longo da história
Além de sua importância ecológica, a talipot tem longa trajetória de uso humano. Suas folhas já foram suporte para manuscritos em culturas do Sul e Sudeste Asiático; em outras regiões, servem para cobrir telhados e produzir chapéus e guarda-chuvas.
Os pecíolos – estruturas que ligam as folhas ao tronco – são utilizados na confecção de bengalas, flechas e agulhas de rede. Os frutos são empregados por pescadores na captura de peixes, e a seiva pode ser extraída para produzir vinho.
*Texto sob supervisão de Fernanda Machado
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