PF cita envolvimento de mais três secretários de Sorocaba em investigação sobre esquema de corrupção
12/12/2025
(Foto: Reprodução) Entenda a Operação Copia e Cola, da Polícia Federal, que investiga Rodrigo Manga
A investigação da Polícia Federal (PF) que apura um suposto esquema de desvio de dinheiro em contratos públicos da Prefeitura de Sorocaba (SP) revelou nomes de mais três secretários municipais. Além deles, outros dois funcionários também aparecem em uma contabilidade feita a mão apreendida com Simone Rodrigues Frate de Souza, cunhada do prefeito afastado Rodrigo Manga (Republicanos).
Os nomes surgem com o fim do sigilo do processo de busca e apreensão que resultou na segunda fase da operação. São eles: o secretário da Saúde, João Pedro Arruda Fraletti Miguel; o de Relações Institucionais e Metropolitanas, Luiz Henrique Galvão; e o de Educação, Fernando Marques. Foi nesta fase da investigação que o prefeito Rodrigo Manga foi afastado do cargo.
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De acordo com a Polícia Federal, Simone Frate, irmã da primeira-dama Sirlange Frate, e esposa do bispo Josivaldo de Souza, era responsável por essa parte do controle financeiro, com função importante no suposto esquema.
“Teria papel ativo na gestão financeira do esquema, sendo a provável responsável pelo pagamento de contas pessoais de Rodrigo Maganhato [Manga] e sua família, utilizando os recursos de origem ilícita. Em sua posse foram encontradas anotações manuscritas que funcionariam como uma contabilidade paralela."
Mensagens do secretário
O atual secretário da Saúde, João Pedro, é citado no relatório da PF trocando mensagens com o pastor Josivaldo Batista – cunhado de Manga preso em 6 de novembro – antes mesmo de ser anunciado como secretário em Sorocaba, em outubro deste ano.
Segundo a investigação, João já trocava informações com Josivaldo e outras pessoas em fevereiro e março, oito meses antes de assumir o cargo.
Uma dessas pessoas com quem João Pedro trocava mensagens era o ex-secretário de Saúde, Magno Sauter. O outro é Paulo César Marques, conhecido como Paulo Alemão.
Paulo Alemão, que não é servidor, também manteve conversas com o bispo Josivaldo Batista para trocar contatos, sendo um deles o então secretário de Saúde Magno Sauter.
Para a Polícia Federal, há indícios de que João Pedro, Magno Sauter, Josivaldo Batista e Paulo Alemão, além da secretária de administração, Luciana Mendes da Fonseca, "se associaram para a prática de fraudes em processos licitatórios, com o objetivo de beneficiar interesses particulares em detrimento do interesse público".
João Pedro, Luiz Henrique Galvão e Fernando Marques: secretários de Sorocaba (SP) são citados pela Polícia Federal em suposto esquema de propinas
Arquivo pessoal e Prefeitura de Sorocaba/Divulgação
Lista de contabilidade paralela
Na lista da contabilidade manuscrita de Simone Frate, investigada na operação Copia e Cola, consta o nome do secretário de Relações Institucionais e Metropolitanas, Luiz Henrique Galvão. Segundo os documentos, o nome dele aparece em lista com indicativo de pagamento de R$ 1,6 mil. Galvão é geralmente visto às terças e quintas-feiras na Câmara de Sorocaba e é o responsável pela articulação entre governo e vereadores.
Outro nome na lista de Simone é o do atual secretário de Educação, Fernando Marques. Ao nome dele está associado o valor de R$ 5 mil em lista da cunhada do prefeito Rodrigo Manga.
Ao todo, com os nomes já divulgados anteriormente, são oito secretários atuais apontados na investigação. Os outros são:
Clayton Lustosa - secretário do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte;
Glauco Enrico Bernardes Fogaça - diretor-presidente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto - Saae;
Luciana Mendes da Fonseca - secretária de Administração;
Marcelo Duarte Regalado - secretário municipal da Fazenda;
Samyra Toledo - secretária de Governo.
Os dados da investigação da PF se referem apenas ao período relacionado nos documentos apreendidos.
Outros funcionários
A lista de funcionários citados também aumentou com a quebra do sigilo, incluindo Benvinda Pereira Gomes, chefe de gabinete da Secretaria de Mobilidade (Semob) e atuou servindo café na Praça Lions de Sorocaba. Ela aparece em duas referências na contabilidade manuscrita, com indicativo de pagamentos que somam R$ 21,3 mil.
Já Parê Gutierrez aparece na contabilidade do marido de Simone, o bispo Josivaldo Batista. São quatro saídas, com o valor de R$ 3 mil cada uma. Ela era da Secretaria de Educação e, hoje, atua como gestora de Planejamento e Execução da Secretaria da Mulher.
Além delas, também foram citados Márcio Bortolli Carrara, ex-secretário da Educação e atual assessor de gabinete na Secretaria de Governo, e Paulo Henrique Marcelo, ex-secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo e atual assessor do Gabinete Central.
O que dizem os citados
A Prefeitura de Sorocaba afirmou nesta sexta-feira (12) que não foi oficialmente notificada sobre o caso. "O setor jurídico do município ainda não teve acesso ao conteúdo da investigação, que segue sob sigilo", argumenta.
"Reforçamos que o prefeito Fernando Martins da Costa Neto determinou a instauração de um procedimento correcional para apurar os fatos com total rigor e transparência, conforme previsto na legislação vigente."
O secretário de Saúde, João Pedro Arruda Fraletti Miguel, disse que desconhece o caso. "Não tenho ciência ao tema referido pelo senhor e não me lembro de conversas com esses nomes citados, minha rotina na secretaria está bastante intensa", argumentou.
Fernando Marques disse que desconhece as anotações e que "não teve acesso aos documentos do caso nem tenho conhecimento de qualquer movimentação financeira dos investigados que me envolva."
"Minha trajetória no serviço público é limpa e transparente, e estou com a consciência tranquila, colocando-me à total disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos se julgarem necessários."
Parê Gutierrez informou que "não foi comunicada ou notificada sobre a situação mencionada e desconheço qualquer investigação que envolva o meu nome".
Paulo César Marques afirmou que desconhece o assunto e que não possui contrato com a Prefeitura de Sorocaba.
Luiz Henrique Galvão não retornou ao pedido de posicionamento do g1. O mesmo ocorreu com Benvinda Pereira Gomes, Simone Frate e Josivaldo Batista.
Sobre a operação
Linha do tempo da operação Copia e Cola, da Polícia Federal, que investiga irregularidades na saúde de Sorocaba (SP)
Arte g1
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