Tarifaço: com calçados fora da isenção, setor em Franca projeta até 6 mil empregos afetados
21/11/2025
(Foto: Reprodução) Suspensão de tarifa dos EUA vai beneficiar produtores da região de Ribeirão Preto, SP
O setor calçadista de Franca (SP), um dos principais do país, afirma ter recebido com “grande decepção” o anúncio do governo dos Estados Unidos que retirou a tarifa de 40% para mais de 200 produtos brasileiros, mas manteve o calçado fora da lista de isenções.
Segundo o Sindicato da Indústria de Calçados de Franca (Sindifranca), a decisão pode afetar até 2 mil empregos diretos e 6 mil indiretos no polo produtivo.
A retirada do tarifaço beneficia itens como carne bovina, café, frutas, cacau, açaí e fertilizantes, mas os produtos manufaturados — entre eles calçados, máquinas e móveis — permanecem taxados.
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De acordo com o presidente do Sindifranca, Toni Hajel, havia expectativa de que o calçado fosse incluído na lista de produtos liberados da tarifa, principalmente pela relação construída entre Franca e o mercado norte-americano ao longo de mais de 60 anos.
Segundo a entidade, o setor enfrenta crescente dificuldade para manter o espaço no mercado dos EUA desde a entrada em vigor do tarifaço.
“A cada dia que passa, fica cada vez mais difícil recuperarmos este mercado conquistado há tantas décadas.”
A corporação afirma ainda que empresas já sentem os impactos e podem ter novas perdas caso a tarifa seja mantida.
'Tarifaço' dos EUA provoca demissões em fábricas de calçados em Franca, SP
Lindomar Kailton | EPTV
Tentativas de negociação
O Sindifranca diz que vem acompanhando o tema desde o início da imposição do tarifaço, em agosto, e que realizou reuniões com representantes dos governos federal, estadual e municipal. Segundo a entidade, várias tentativas de diálogo foram feitas.
“Infelizmente, estamos dependendo unicamente das atitudes dos dois governos: Estados Unidos e Brasil”, afirma o presidente da corporação.
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O setor afirma que seguirá buscando apoio político para tentar reverter a decisão. De acordo com o Sindifranca, associados e diretoria estão mobilizados para abrir novas frentes de diálogo com lideranças que tenham acesso ao governo americano.
“Nossos associados, junto com a diretoria, estão em busca de novas tentativas de diálogo para tentar incluir o calçado o quanto antes”, explica Hajel.
Fábrica de calçados em Franca, SP
Reprodução/EPTV
Alternativas
Em entrevista à EPTV, afiliada da TV Globo, o economista Fábio Gomes avaliou que, enquanto a tarifa estiver mantida, o desafio continua e o setor deve buscar caminhos para reduzir perdas.
“Por enquanto, o desafio continua. A solução é encontrar outros países e atender o mercado interno. O que nos incentiva é que alguns setores estão diversificando a pauta de exportação, diversificando países parceiros e trabalhando enquanto isso. Cabe à expectativa do produtor seguir buscando alternativas.”
Indústria de calçados de Franca, no interior de São Paulo.
Lindomar Cailton/EPTV
*Sob supervisão de Helio Carvalho
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