Viaduto do Chá passará por reforma; troca do piso de pedras portuguesas por granito gera debate
05/12/2025
(Foto: Reprodução) Viaduto do Chá passará por reforma e gera debate sobre preservação do patrimônio histórico
Com mais de 130 anos de história, o Viaduto do Chá, o primeiro construído em São Paulo, vai passar por uma ampla reforma estrutural. As obras, segundo a Prefeitura, são necessárias para conter infiltrações e revitalizar o entorno do Vale do Anhangabaú.
Mas parte das intervenções, como a troca do piso de pedras portuguesas por granito, preocupa quem defende a preservação da identidade histórica do local.
Inaugurado em 1892, o viaduto é um marco da transformação da cidade. Ele liga o que era conhecido como “Cidade Velha” à “Cidade Nova”, conectando pontos emblemáticos do centro, como o Teatro Municipal, o edifício Matarazzo — sede da Prefeitura —, e as antigas sedes da Light e do Mappin.
“Esse viaduto liga duas cidades. Se ele para, a cidade para. Não há outra forma de fazer essa travessia”, explica o historiador e arquiteto Lincoln, morador da região.
A substituição do piso foi aprovada pelos órgãos de patrimônio, mas divide opiniões.
“As pedras portuguesas têm um valor afetivo. Uma geração inteira reconhece a cidade por esse traçado. A troca é questionável, principalmente se não houver manutenção adequada”, avalia Lincoln.
A Praça do Patriarca também será restaurada. O piso de mosaico de pedras portuguesas será recomposto para resgatar o desenho original, e a marquise projetada pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha, entregue há 23 anos, será mantida e recuperada.
O entorno da galeria Prestes Maia, que fica sob a marquise e está atualmente interditado por infiltrações, deve ganhar uma cerca retrátil para fechamento noturno. A galeria faz parte da concessão do Vale do Anhangabaú e, após as obras, deve ser transformada em espaço cultural e de exposições.
Reforma no Viaduto do Chá prevê mudanças em piso histórico e instalação de um bondinho como central de informações.
Divulgação
Outras intervenções incluem a reforma das calçadas, do revestimento externo do viaduto e a instalação de um ponto de embarque e desembarque de passageiros em frente ao antigo Mappin, hoje um shopping. Um bonde histórico também será colocado na região, funcionando como central de informações turísticas. Uma nova base da Guarda Civil Metropolitana (GCM) está prevista.
As mudanças, porém, terão impacto direto em quem vive do movimento no local. Derneval, dono de uma banca de jornal em frente ao Teatro Municipal há 30 anos, foi notificado para deixar o ponto.
“Aqui eu formei um ambiente, tenho minha clientela. Esse lugar é minha referência. Saio de casa e venho pra cá, só volto pra dormir”, diz.